Cristiane da Silva Oselame
O esporte de alto rendimento vem apresentando uma evolução acentuada nas últimas décadas, principalmente devido ao embasamento cientifico oriundo das áreas como a fisiologia do exercício, biomecânica e a nutrição aplicada aos esportes. Atualmente uma das grandes preocupações no que diz respeito ao aparecimento de lesões em atletas é a prevenção e o controle do estresse oxidativo causado pelo exercício intenso.
A produção de radicais livres é maior nos atletas e, por esse motivo, eles estão sob o risco constante de desequilíbrio entre a produção de radicais livres e os mecanismos de defesa antioxidante do organismo, ou seja, de estresse oxidativo. O próprio treinamento físico dispara mecanismos naturais de adaptação e de defesa contra o ataque de radicais livres, evitando processos de fadiga e prevenindo o aparecimento de lesões musculares por esse tipo de estresse.
A dieta equilibrada é essencial nesse processo, pois, contém nutrientes com ação antioxidante como o selênio, ferro, zinco, cobre, manganês, vitamina C e vitamina E, além de compostos bioativos como os carotenóides e os flavonóides. É fato que a alimentação e nutrição adequadas, o bom desempenho físico do atleta e a prevenção de lesões estão diretamente relacionados.
Os nutrientes e compostos bioativos com ação antioxidante constituem importante fator de proteção contra lesões musculares causadas pelo estresse oxidativo. Importantes órgãos internacionais e nacionais têm se posicionado quanto à ingestão ideal de compostos alimentares antioxidantes para atletas. A Associação Dietética Americana ressalta que os atletas que estão sob o risco de deficiência de micronutrientes antioxidantes, são aqueles que seguem dieta muito restrita em energia, aqueles que adotam práticas severas para perda de peso (normalmente eliminando um ou mais grupos de alimentos da dieta) e aqueles que priorizam o consumo dos macronutrientes, particularmente as proteínas e os carboidratos, negligenciando a ingestão de minerais e vitaminas.
Em concordância com a Associação Dietética Americana e o Colégio Americano de Medicina Esportiva, a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte defende e recomenda a modificação dietética para atletas, modificação esta que garanta uma prática alimentar adequada a intensidade e duração do exercício, que aperfeiçoe o desempenho físico e que previna lesões. É perfeitamente possível que uma alimentação equilibrada promova a ingestão adequada dos antioxidantes alimentares.
Na prática, uma dieta rica em frutas e hortaliças (de cores variadas), grãos integrais e sementes e frutos de oleaginosas (principalmente castanha do Pará) fornece quantidade suficiente dos compostos antioxidantes para atender as necessidades nutricionais. Não há necessidade de suplementação, a não ser que claras razões médicas, nutricionais ou de saúde pública estejam presentes.
Vale ressaltar que a suplementação com antioxidantes de forma inadequada e desnecessária ao invés de proteger o organismo, torna-o mais susceptível ao estresse oxidativo. Dentro de uma dieta equilibrada, o consumo diário de 5 a 6 porções de frutas, de 4 a 5 porções de hortaliças, de 4 a 5 castanhas do Pará e de 3 a 4 porções de grãos integrais é suficiente para promover a ingestão de selênio, ferro, zinco, cobre, manganês, vitamina C, vitamina E, carotenóides e flavonóides necessários ao funcionamento adequado do sistema orgânico de combate aos radicais livres.
Por fim, é de extrema importância considerar a individualidade bioquímica e todo o contexto ambiental no qual está inserido o atleta, já que disso depende a biodisponibilidade (absorção e utilização pelo organismo) dos compostos antioxidantes presentes na dieta
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