quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Musculação e Ciclismo: As vantagens da prática em conjunto


José J. Duque Filho

 

O ciclismo é um esporte praticado mundialmente, seja para fins competitivos ou utilitários. É uma atividade rítmica e cíclica, ideal para o desenvolvimento dos sistemas energéticos, aeróbio e anaeróbio (BOMPA, 2001). A capacidade aeróbia é o metabolismo predominante no ciclismo, porém o treinamento resistido também ocupa um lugar relevante nesta modalidade, principalmente onde a força é mais atuante em uma largada, subida, fuga e sprint (BALGA e MORAES, 2007). Vale lembrar que qualquer movimento humano necessita de força muscular, no ciclismo não será diferente, essa qualidade física é fundamental para a manutenção da posição sobre a bicicleta, quanto na ação de pedalar. 

Imaginem a seguinte situação: O que decide uma prova de ciclismo de 150 km? A maioria das pessoas responderia a capacidade de resistência aeróbia. 

Antônio Carlos Gomes (Phd em treinamento desportivo) nos responde com uma outra pergunta. Em uma prova dessa distância o que lhe faz sobrar do pelotão? A resposta é bem simples, pelo fato de você não conseguir pedalar uma subida com ritmo muito forte, e/ou por não conseguir pedalar por algum tempo a 50 km/h, por exemplo. Então podemos dizer que a força será crucial para a decisão desse resultado. 
Como se define então o conceito de força? 

Para Guedes (1997) força é a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, superando, sustentando ou cedendo à mesma. Weineck (1999) define força quanto às suas manifestações em força máxima, força explosiva e força de resistência.  Força máxima: é a maior força que o sistema neuromuscular pode mobilizar através de uma contração máxima voluntária, ocorrendo (dinâmica) ou não (estática) movimento articular (WEINECK,1999; PLATONOV e BULATOVA, 1998). Força explosiva: é definida como a força produzida na unidade de tempo (ZATSIORSKY,1999; BADILLO e AYESTÄRAN, 2001). Força de resistência: é a capacidade de um sistema neuromuscular sustentar níveis de força moderado por intervalos de tempo prolongado (WEINECK,1999; PLATONOV e BULATOVA,1998; GUEDES,1997).

Pensando nisso, podemos dizer que a musculação e também o trabalho de força executado de forma correta com a própria bicicleta, devem ter um tratamento especial no planejamento dos treinamentos para uma temporada, devendo estar de acordo com os objetivos de cada fase de treinamento. Em se tratando especificamente da musculação, podemos dividir os trabalhos basicamente em duas partes: uma para alguns segmentos do corpo que terão a função de dar sustentação e apoio ao ciclista no ato de pedalar, como braços, costas, core e peitoral, de 2 a 5 séries de 15 a 25 repetições com curtos intervalos entre as séries, com o objetivo de desenvolver a força de resistência.  É importante observar que um ciclista não deve ter uma área frontal - tórax e braços - muito desenvolvida, para ser mais aerodinâmico. 

Seguem abaixo alguns exercícios:
Já para a musculatura das pernas, que tem a função principal no movimento dos pedais, a questão é muito mais complexa e requer avaliação de cada caso, levando-se em consideração vários fatores, como idade, tipo de prova que o atleta vai competir, biótipo do atleta.
 
É importante lembrar que em musculação, com a simples mudança na quantidade de repetições, nos intervalos entre as séries, ou mesmo nas cargas de trabalho, podemos atingir diferentes objetivos, desde o aumento da força máxima, da potência ou da resistência.

Seguem abaixo alguns exercícios:


Vale lembrar que não existe nenhuma “receita de bolo” para nenhum tipo de treinamento, acima segue apenas um esboço e uma ideia dos benefícios da musculação no ciclismo, e os treinos de musculação acima citados segue apenas exemplos de alguns de inúmeros exercícios que podemos utilizar. 

Torna-se indispensável o acompanhamento de um profissional de educação física de preferência com experiência em treinamento desportivo, para adequar estes exercícios ao seu planejamento afim de que realmente seja possível alcançar um nível ótimo de desempenho, pois a força mal trabalhada pode inclusive prejudicar o rendimento do atleta.

Com base em alguns estudos, muitos autores sugerem que o treinamento de força pode ser um valioso auxílio ao programa de exercícios de atletas de resistência como os ciclistas. Apesar de gerar pouco ou nenhum no VO2 máx., aumenta a potência anaeróbia, melhora a economia de movimento e aumenta também o tempo até a exaustão de exercício como no ciclismo. Sendo assim, seus efeitos parecem ser positivos em relação à melhora no desempenho de resistência. 
José J. Duque Filho é graduado em educação física pelas UNIVERSIDADES, Presidente Antônio Carlos (UNIPAC-JF) e Salgado de Oliveira (UNIVERSO -JF), Pós- Graduado em Musculação e Treinamento Funcional (Unifoa- RJ), diversos cursos na área de ginastica de academia, personal trainer, treinamento individualizado para terceira idade.

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