Frequentemente recebo perguntas de pacientes que estão sendo submetidos a programas de reeducação alimentar e exercícios físicos, sobre o uso do álcool no metabolismo esportivo.
Ao abordar esse assunto, já posso adiantar que quando buscamos padrões estéticos musculares, como por exemplo, aumento da massa muscular em volume e definição, temos que introduzir nos pacientes, técnicas específicas de estimulo anabólico, ou seja mudanças no padrão metabólico do mesmo, sendo necessário para isso, alterações no estilo de vida do individuo, principalmente no que se refere a alimentação e descanso reparador adequado.
Mediante a isso, passamos a adotar medidas que contribuirão para potencializar os ganhos musculares ou emagrecimento, se for o caso, afastando qualquer medida que ponha em risco o sucesso do tratamento.
Uma das medidas que podem contribuir para a diminuição da eficiência anabólica muscular, está ligada ao consumo do álcool ou etanol.
Sabemos que o consumo do álcool está extremamente inserido na cultura brasileira e mundial do ser humano, sendo um meio social de unir as pessoas, tornando muitas vezes os relacionamentos entre indivíduos mais descontraídos.
Podemos ver de forma bastante comum, o álcool presente nos âmbitos profissionais, familiares, amorosos, esportivos, de lazer e até mesmo religiosos. Sendo assim, acho bastante sensato falarmos de forma breve e resumida sobre o metabolismo do álcool no corpo humano.
O principal meio de consumo do álcool é feito através de bebidas denominadas alcoólicas, pois contem em sua composição o etanol ou álcool etílico. O álcool é produzido pela fermentação de açúcares contidos em frutas, grãos e em caules (como na cana-de-açúcar), sendo as bebidas alcoólicas classificadas em: fermentadas, destiladas e compostas.
Os efeitos do álcool no organismo variam de acordo com diversos fatores tais como: a rapidez e freqüência que é ingerido, a individualidade biológica de cada usuário, metabolismo, vulnerabilidade genética, sexo, estilo de vida, idade e a presença de demais nutrientes no trato digestivo, ou seja ingerir álcool de estomago vazio, aumenta a sua velocidade de absorção o que pode reforçar seus efeitos no corpo.
É bom deixar claro aos leitores que o álcool é uma forma de carboidrato que proporciona cerca de 7 kcal de energia por grama (ml) de substância pura, perdendo somente para as gorduras que fornecem em torno de 9 kcal de energia por grama, sendo considerado um mal nutriente ao corpo, pois representa um tipo de caloria vazia. Quando ingerido, o álcool passará a ser absorvido pelo esôfago e posteriormente pelo estomago (20% da absorção), percorrendo para o intestino delgado, onde será absorvido em sua totalidade (80%) e na corrente sanguínea, o álcool inicia uma seqüência de alterações metabólicas em diversos órgãos do corpo como coração, cérebro, fígado, músculos, dentre outros. Dentre essas inúmeras alterações causadas pelo alcool, passarei a relatar de forma resumida, às mudanças que irão dificultar o metabolismo esportivo e conseqüentemente irão afastar os resultados almejados.
O álcool ingerido cria uma dificuldade para o organismo absorver nutrientes necessários ao músculo e sem os nutrientes adequados, não haverá crescimento muscular e nem tampouco perda de gordura.
Ocorrem também diversas alterações no fígado que dificultam a quebra de gorduras corporais pelo organismo, facilitando o acumulo de gordura subcutânea e visceral, existe também um outro fator bastante comprometedor da função bioquímica anabólica, que é a desregulação do hormônio insulina, que se torna instável pela presença do álcool, alcançando altas concentrações e preenchendo os receptores de fatores de crescimento (somatomedinas), inibindo a função de crescimento muscular, dentre diversas outras alterações no metabolismo que se eu for citar nesse artigo, o mesmo se transformará numa revista.
Para encerrar, deixo aqui uma orientação para que sempre seja usado o bom senso, quando o assunto é a associação de ingestão alcoólica e treinamento físico, digamos que esses dois nomes somados são incompatíveis, porém sabemos que o álcool está inserido nas funções humanas de lazer e socialização, assim sendo numa balada, festa do trabalho, confraternização, ou demais eventos, onde seja inevitável o consumo alcoólico, que seja usado de forma consciente, sem excessos e associado a um maior consumo de água e alimentos, pois essas medidas tornam a absorção do álcool mais lenta, atenuando os efeitos tóxicos do mesmo.
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