À partida, a maioria dos praticantes de musculação e atletas de força assumem que os exercícios compostos (multiarticulares), por implicarem cargas mais elevadas e a participação de um maior nº de grupos musculares, são os que geram um maior “desgaste” e períodos de recuperação mais longos.
Em contraste, geralmente considera-se que os exercícios de isolamento, que normalmente são realizados com pesos mais ligeiros, exigem períodos de recuperação menos longos. Mas será realmente essa a verdade?
O estudo
Isso foi o que um grupo de investigadores brasileiros pretenderam determinar. Para o efeito recrutaram 16 voluntários com muita experiência de treino com pesos e colocaram-nos a realizar dois exercícios com membros opostos
- 8 séries de 10 repetições máximas de remada sentado unilateral.
- 8 séries de 10 repetições máximas de rosca direta unilateral usando o braço oposto.
De notar que a carga total levantada no exercício remada foi maior do que no exercício rosca direta.
Os investigadores registaram os níveis de Peak torque e DOMS antes do exercício e 10 minutos, 24, 48, 72 e 96 horas depois.
Resultados
Visualizando a tabela abaixo, verifica-se que após a realização do treino, os níveis de força (Peak Torque) dos músculos flexores do cotovelo (bíceps) se mantiveram abaixo dos valores anteriores ao treino durante mais de 72 horas.
Para além disso, a força diminui mais após 10 minutos para o exercício rosca direta do que para o exercício remada sentado. Às 24 e 72 horas, o nível de força também se manteve mais baixo para o exercício rosca direta, até ter recuperado completamente às 96 horas.
Tal como pode ver na tabela abaixo, registaram-se aumentos dos níveis de DOMS às 24, 48 e 72 horas após o treino. De notar que os níveis foram significativamente mais elevados para o exercício de isolamento (rosca direta).
Conclusão
Apesar da larga experiência de treino dos voluntários verificou-se que o exercício rosca direta reduziu mais a força (Peak torque) do bíceps e gerou um maior nível de dor de aparição tardia (DOMS) do que o exercício remada sentado.
Também é interessante que o período de recuperação muscular do bíceps tenha sido maior após a realização do exercício rosca direta (isolamento) em comparação com o remada sentado (composto), mesmo apesar dos voluntários terem realizado uma maior carga de trabalho no exercício remada sentado em comparação com a rosca direta.
Os investigadores teorizam que o maior dano muscular provocado pelo exercício de isolamento (rosca direta) poderá dever-se à participação quase exclusiva dos músculos flexores do cotovelo (bíceps).
Em comparação, no exercício composto (remada sentado), há uma contribuição de vários grupos musculares, especialmente do latissimus dorsi, extensores dos ombros, redondo maior e peitoral maior.
Assim, e para surpresa de muitos, parece que na verdade são os exercícios de isolamento os que exigem períodos de recuperação mais longos e também os que provocam um maior nível de dor muscular de aparição tardia (DOMS).
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