O alho tem vindo a ser usado como especiaria, alimento e medicamente desde há mais de 5000 anos e é uma das ervas mais antigas a ser utilizada na manutenção da saúde e tratamento de doenças,(1) incluindo problemas circulatórios.(2)
Em muitas culturas, o alho também era usado para aumentar a força, capacidade de trabalho dos trabalhadores e também foi usado como agente ergogénico pelos atletas olímpicos da grécia antiga, para aumentar o seu rendimento desportivo.(1)
Atualmente, o alho é uma das ervas medicinais mais investigadas e com reconhecida eficácia no tratamento da hipertensão,(3) comparável à de vários medicamentos antihipertensivos.(4, 5)
Como funciona?
O alho contém polissulfetos, compostos organosulfurados que bloqueiam a produção de angiotensina II, estimulam a produção de sulfeto de hidrogénio (um transmissor gasoso) e potenciam a regulação do óxido nítrico no endotélio, o que induz o relaxamento dos vasos sanguíneos, vasodilatação e a redução da tensão arterial.(6)
O óxido nítrico é um ergogénico?
Para além da regulação da vasodilatação e do fluxo sanguíneo, o óxido nítrico também desempenha várias outras funções importantes no organismo, incluindo na respiração mitocondrial e regulação da função plaquetária.(1)
São sobretudo as propriedades vasodilatadoras do óxido nítrico que interessa aos praticantes de musculação e desportistas, pois foi sugerido que o aumento da produção de óxido nítrico pode aumentar o fornecimento de oxigénio e de nutrientes aos músculos ativos, melhorando assim os mecanismos de recuperação e a capacidade física.(1)
De facto, alguns estudos indicam que a suplementação com dadores de óxido nítrico pode aumentar a tolerância ao exercício aeróbico e anaeróbico em jovens saudáveis destreinados ou moderadamente treinados, mas não em indivíduos altamente treinados.(1)
No entanto, tenha em conta que outros estudos não observaram quaisquer efeitos positivos no rendimento desportivo.(1)
O alho é um ergogénico?
Vários estudos, realizados em animais, registaram aumentos significativos dos níveis de óxido nítrico e da capacidade física, após início de suplementação com alho. (7-11)
Em seres humanos, verificou-se que a toma de 2 gramas de alho fresco (mas não de alho cozinhado) aumentou os níveis plasmáticos de óxido nítrico em 224%, 2 a 4 horas após a sua ingestão e esse efeito manteve-se mesmo após 7 dias de ingestão contínua de alho.(12)
A suplementação com alho também parece reduzir a percepção de fadiga, por várias vias, sobretudo da fadiga física e sistémica associada à constipação e também da fadiga derivada de causas indefinidas.(13)
Em indivíduos com doença arterial coronária, a suplementação com uma dose de óleo de alho equivalente a 1g de alho cru por dia, durante seis semanas, reduziu a frequência cardíaca máxima e melhorou a capacidade física num teste de passadeira de corrida.(14)
Mas, em ciclistas experientes e em condições de hipoxia, a suplementação com 4,650mg de extrato de alho, durante 7 dias, não proporcinou melhorias ao nível da pressão arterial periférica, consumo máximo de oxigénio, saturação do oxigénio no sangue, frequência cardíaca durante o exercício, resposta da frequência cardíaca nem do rendimento desportivo.(15)
Efeitos secundários
Caso pretenda iniciar a toma de suplementos de alho, convém ficar a par dos potenciais riscos do seu consumo.
Em vários estudos, cerca de um terço dos voluntários sofrerem efeitos secundários, geralmente benignos, incluindo eructos, flatulência e refluxo durante as primeiras semanas de toma e 4-6% da população poderá sofrer problemas gastrointestinais mais severos.(16-18)
Devido às propriedades antiplaquetárias do alho, recomenda-se que, aqueles que tomam medicamentos anticoagulantes evitem a ingestão de doses elevadas (equivalentes a mais de 4 g de alho fresco).(19)
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