Introdução
Na atualidade, cresce mais o número de praticantes de exercícios que treinam por conta própria nas academias ou em suas próprias residências. Isto é causado pela facilidade de acesso a algumas informações sobre treinamento adquiridas pela própria internet, revistas, vídeos ou pela vivência nas academias.
A prática de atividade física é sempre importante para se ter uma boa qualidade de vida, mas feita de forma errada, pode trazer riscos de lesões.
As lesões podem ocorrer por gestos motores realizados incorretamente, onde as posturas incorretas colocam a coluna vertebral e as articulações em descompensação de cargas, riscos de lesões articulares e desvios posturais, levando o corpo à fadiga muscular e mental, causando muitas vezes excessos de treinamento, o conhecido overtraining.
A importância do profissional de Educação Física é extrema nesta área, pois ele é o único profissional habilitado e que tem conhecimento para ministrar a prática da atividade física e do esporte com segurança e coerência na busca dos objetivos procurados pelo praticante. Por esse motivo o objetivo do presente estudo foi investigar a prática de atividade física sem orientação em um parque da cidade de Goiânia-Go.
Desenvolvimento
O treinamento desportivo apresenta-se como uma atividade física de longa duração, graduada de forma progressiva, individualizada, atuando especificamente nas funções humanas, fisiológicas e psicológicas, com objetivos de superar tarefas mais exigentes que as habituais (Bompa, 2002). O treinamento desportivo, quando aplicado adequadamente, provoca no organismo humano, adaptações morfológicas e funcionais, elevando assim o nível de forma física do indivíduo. Para tanto, alguns princípios devem ser seguidos para que a aplicação desse treinamento seja eficaz.
O princípio da individualidade biológica determina que nenhum ser é igual ao outro. Segundo Wilmore e Costil (2001), nem todos os seres foram criados com a mesma capacidade de adaptação ao treinamento físico, sendo que a genética tem um papel importante em relação à capacidade de um determinado organismo, à adaptação a um programa de exercícios físicos. Por isso que cada indivíduo deve ter um treinamento de acordo com as suas capacidades fisiológicas.
O princípio da adaptação está ligado a homeostase que é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas corporais e o meio ambiente. A homeostase pode ser rompida por fatores internos (geralmente oriundos do córtex cerebral) ou externos como calor, variação da pressão, esforço físico, traumatismo. Assim, sempre que a homeostase é rompida, o organismo dispara um mecanismo compensatório que procura restabelecer o equilíbrio. Hussay (1956) apud Dantas (1985) estabeleceu uma diferenciação entre as intensidades dos estímulos:
Nos casos em que o estímulo for muito fraco, não produzirá adaptação satisfatória e será classificado como estímulo Débil;
Os estímulos de baixa intensidade que apenas excitam o organismo e não produzem adaptações posteriores são classificados como Médios;
Os estímulos Fortes são exatamente aqueles que proporcionam as adaptações mais seguras, plenas e prolongadas. Busca-se no treinamento consciente e organizado, na maior parte do tempo, exatamente a manutenção desta forma de estímulo;
Os estímulos Muito Fortes acarretam sensíveis danos ao organismo e podem seguramente causar lesões, caso não sejam controlados por meio de testes periódicos e avaliações generalizadas prévias relacionadas ao estado biológico maturacional e também psicológico do indivíduo.
O objetivo do treinamento é, através de stress físico, "quebrar" essa homeostase, desencadeando um processo denominado de Síndrome de Adaptação Geral (SAG) que segundo Selye (1956) apud Schmidt (2012) é o estresse ou estímulos capazes de provocar adaptações ou danos no organismo.
O princípio da sobrecarga é quando estímulos mais fortes são aplicados por ocasião do final da assimilação compensatória, que segundo Hegedus (1969) apud Schmidt (2012) é o período de restauração (recuperação), no qual é recompostas as energias e substratos depletados, fazendo com que o indivíduo se prepare para cargas de trabalho mais fortes. Além disso, existe a restauração ampliada que é a energia que o organismo dispõe para novos estímulos.
Outro princípio importante é o da especificidade. Se o objetivo do indivíduo é o aumento do volume muscular, o treinamento tem que ser baseado em estímulos que proporcionem a hipertrofia muscular.
O treinamento baseia-se na aplicação de cargas crescentes, progressivamente assimiladas pelo organismo. Portanto, o treinamento precisa ser continuado para que seja possível manter os ganhos adquiridos durante este processo. Porém as contusões, as faltas freqüentes e os períodos muitos longos de recuperação atuam negativamente sobre o processo da Continuidade.
O treinamento físico é a base para o treinamento dos atletas, é através dele que os atletas condicionam seu corpo para a prática esportiva, aumentando força e massa muscular, melhorando as suas capacidades aeróbia e anaeróbia, enfim melhorando seu condicionamento físico geral. Para tal existem alguns métodos de treinamento que irão ajudar nesse processo. Eles devem ser usados de acordo com os objetivos e interesses de cada indivíduo.
Segundo Wilmore e Costil (1988) o método de treinamento contínuo se baseia nos exercícios tipicamente aeróbios, também chamados de exercícios cíclicos, cuja duração é prolongada com intensidades baixas, moderadas ou altas (50 a 85% do VO2 máx) em ritmo cadenciado, provocando uma melhora no transporte de oxigênio até o nível celular desenvolvendo a resistência aeróbia. Geralmente este treinamento é aplicado abaixo do limiar anaeróbico, para evitar a produção excessiva de lactato, sendo assim, é considerado o melhor método para iniciantes em atividades físicas e para indivíduos que visam o desenvolvimento cardiorrespiratório, além de diminuir a gordura corpórea, porque a atividade vai proporcionar muito gasto calórico.
Segundo Bompa (2002), o método de treinamento intervalado refere-se ao método de repetição de estímulos de várias intensidades, com um intervalo de descanso previamente planejado, durante o qual o atleta não se regenera completamente. Sua prescrição fundamenta-se na intensidade e tempo de duração dos exercícios, menor volume e maior intensidade, nos respectivos intervalos de recuperação, na quantidade de repetições do intervalo exercício-recuperação e freqüência de treinamento por semana (POWERS, 2000).
Metodologia
A pesquisa se classifica como descritiva, que segundo Cervo e Bervian (2002, p. 66) caracterizam-se por observar, registrar, analisar e correlacionar variáveis sem manipulá-las, procurando descobrir, com a precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características.
Participaram desta pesquisa 30 sujeitos (sendo 18 mulheres e 12 homens), com faixa etária entre 21 e 71 anos, praticantes de atividades físicas realizadas na Praça do Violeiro, em Goiânia. Foi utilizado um questionário contendo 15 perguntas, tais como idade, exercício praticado com maior freqüência, se o exercício é praticado com alguma orientação.
Resultados e discussão
A grande maioria das pessoas pesquisadas, 30% tem mais de 60 anos, ou seja, são considerados idosos e a prática de atividades físicas é importantíssima para eles. Segundo Otto (1987), o idoso tem perda de até 5% da capacidade física a cada 10 anos e pode recuperar 10% através de atividades físicas adequadas, que também atuam como antidepressivos.
28% são obesos, o que é bastante preocupante. Constatino e Lopez (1999) alertam que a prevalência da obesidade cresce e preocupa os médicos, mostrando a necessidade de combatê-la e controlá-la desde a infância e a adolescência, pois a obesidade é um distúrbio do metabolismo energético e o melhor caminho para não se tornar obeso é prevenir, uma vez que envolve um fator de risco e em condições crônicas levam à incapacidade e à perda de produtividade, além de comprometer a qualidade de vida. Outra complicação que os indivíduos apresentaram foi a diabetes, com 20% e a atividade física é de vital importância para eles, pois aumenta a sensibilidade à ação da insulina.
A caminhada tem como grande vantagem poder ser praticada por qualquer pessoa, independente de idade ou sexo e por ser uma forma natural e saudável de exercitar-se em baixo impacto e intensidade e 60% das pessoas praticam a caminhada. De acordo com Pollock e Wilmore (1993), essa atividade possui os melhores índices de adesão, devidos, dentre outros fatores, ao risco de lesões osteoarticulares e ligamentares ser praticamente inexistente, assim como, pela sensação de alto prazer e camaradagem experimentada entre os praticantes destes programas. Porém a atividade física não pode ficar somente restrita a caminhada ou corrida, pois restringem outras capacidades funcionais como a força muscular, a saúde óssea e a flexibilidade. É importante que o indivíduo também pratique outras atividades para poder complementar o seu treino.
É necessário o auxílio de um profissional de educação física nas atividades para evitar lesões, levando em consideração, à forma de execução dos exercícios, para que estes sejam realizadas corretamente sem colocar a estrutura corporal em risco e mantendo o aluno apto para o treinamento sem que este fique acometido de dores na coluna e nas articulações, assim como orientações também quanto à sobrecarga de treino, tempo de repetição e séries utilizadas em cada aula e somente 14% tem orientação e dessas pessoas 60% são orientadas por um médico, 27% por um Professor de Educação Física e 13 por um amigo.
Conclusão
Conhecer e aplicar os PDT corretamente é fundamental para que o Professor de Educação Física possa desenvolver um treino cientificamente seguro para que o indivíduo alcance os seus objetivos. Porém observou-se que a grande maioria treina sem orientação, o que é bastante preocupante pois o treino por conta própria não traz muitos benefícios, muito pelo contrário, uma vez que sem acompanhamento profissional adequado, o indivíduo pode demorar a atingir suas metas, sejam elas físicas ou mentais, além do risco de lesões, que pode afastá-lo por um longo tempo da pratica de atividade física, afetando assim no seu processo de desenvolvimento.
É importante ressaltar que o aluno não orientado, pela ausência de conhecimento fisiológico e anatômico do exercício, tem grande risco de morte por carga excessiva no sistema cardíaco e respiratório
Referências
BOMPA, T.O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4ª ed. São Paulo: Phorte Editora, 2002.
CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 5ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002.
CONSTANTINO, C.F.; LOPEZ, F.A. Obesidade infanto-juvenil. Unifesp – Comunicação/Clipping, Folha de São Paulo/SP, jan, 1999.
DANTAS, Estélio Henrique M. A Prática da Preparação Física, Rio de Janeiro. Sprint. 1985.
OTTO, Edna Ruth de Castro. Exercícios físicos para a terceira idade. São Paulo: Manole, l987.
POLLOCK, M.L.; WILMORE, J.H. Exercício na saúde e na doença: avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. 2ª Rio de Janeiro: MEDSI, 1993
POWERS, Scoot K; HOWLWY, Edwards T. Fisiologia do exercício. Teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2000.
SCHMIDT, Ademir. Treinamento esportivo I. 2012. Curso de Educação Física. Universidade Salgado de Oliveira Campus Goiânia, Goiânia-Goiás.
WILMORE, J. H. and COSTILL, D. L. Training for Sporting and Activity, Dubuque, IA: WM. C. Brown publishers.1988.
WILMORE, J. H; COSTILL, D. L. Fisiologia do esporte e do exercício. Manole, São Paulo, 2001.