quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Treinos intensos podem afetar suas funções cognitivas?

A utilização dos treinamentos intensos pode ter alguma relação com a redução das funções cognitivas? Veja o que a ciência diz!

treinos intensos e funções cognitivas
De maneira geral, nossa sociedade é formada por diversos comportamentos e “verdades” enraizadas em seu cerne. Uma delas é a de que atletas ou pessoas que se submetem a treinamentos mais intensos, tem uma capacidade cognitiva reduzida. É lógico que isso não tem fundamentação alguma e casos para desmistificar isso não faltam. Porém, é muito importante que possamos entender os efeitos dos treinamentos intensos e das altas cargas de trabalho sobre a cognição em geral.
Isso porque existem uma série de variáveis envolvidas neste tipo de treinamento que podem envolver alterações cognitivas, que podem ser positivas ou não! Neste sentido, é fundamental que tenhamos a clareza de que aspectos positivos ou negativos em termos de cognição não significam necessariamente mais ou menos inteligência, mas sim, modificação da capacidade cerebral.
Mas antes disso, temos que tentar entender as respostas cerebrais que temos com o treinamento físico!

Como o cérebro reage ao treinamento físico

Hoje já sabemos que existe uma série de fatores que influenciam positivamente a capacidade cognitiva em relação ao treinamento físico. Neste artigo (Exercícios físicos na melhora da produtividade) já mostramos uma série de benefícios que os exercícios físicos trazem a melhora da produtividade. Pois bem, hoje já temos pesquisas em termos de neurociência que mostram que crianças ativas tem um desenvolvimento cognitivo muito mais acentuado. Além disso, pessoas que se exercitam tem muito mais disposição, foco e concentração no trabalho e nos estudos do que alguém sedentário.
Isso tudo se explica por diversas razões, como a questão hormonal, a melhora da circulação sanguínea na região cerebral, aumento das conexões (sinapses) entre outros efeitos positivos. Tudo isso vai fazer com que toda a dinâmica de funcionamento do sistema nervoso central seja altamente melhorada. Mas para isso, precisamos compreender que existe um ponto considerado ideal. Se você treinar demais pode vir a ter problemas e se treinar de menos, não haverá melhora substancial.
Em um estudo de Mattos (2014) foram avaliadas as respostas cognitivas de atletas de futsal, submetidos a altas cargas de treinamento. Deste estudo, participaram 14 atletas, de uma equipe Júnior, que disputa a primeira divisão de sua categoria em nível nacional.
Foram avaliadas as respostas de treinamento em relação aos aspectos cognitivos em 3 diferentes situações: antes de serem submetidos a altas cargas de treinamento, depois de 4 semanas de microciclos de choque (altas cargas de trabalho) e após 4 semanas de microciclos regenerativos (ordinários). Ao final, foram comparados os resultados destes diferentes pontos.
Foi possível perceber que não houveram alterações cognitivas consideráveis em nenhum dos testes, o que mostra que em termos de cognição, estas cargas de trabalho não produziram efeitos negativos. Porém, como era de se esperar, ao final da quarta semana de trabalho intenso, foi possível encontrar uma redução considerável no trabalho psicomotor dos atletas, que tem relação direta com a cognição.
Agora fazendo um transporte destes dados, aplicados em atletas de futsal, para os praticantes de exercícios físicos, podemos concluir alguns pontos interessantes:
1. O treinamento intenso melhora a cognição: de maneira geral, as respostas adaptativas ao treinamento intenso tendem a ser mais acentuadas. Desta maneira, assim como temos uma melhora de aspectos funcionais com a utilização de treinamentos intensos, temos também a melhora dos aspectos cognitivos. Lembre-se, nosso corpo é um complexo sistema que opera de maneira generalizada e não um amontoado de partes. Tudo tem relação direta com a maneira como você treina.
2. A lenda do “bombado burro” não tem relação com os treinos: até sei que tem muita gente que “treina” que tem uma cognição bastante deficitária, mas isso não tem relação alguma com os treinos. A prática de exercícios físicos intensos e constantes é fundamental para que possamos ter melhores resultados em termos cognitivos. Além de estimular áreas diferentes do cérebro, ainda melhora a funcionalidade no geral.
3. Descanso e dieta complementam tudo: o cérebro é um órgão altamente complexo, que coordena todo o sistema nervoso central. Ele é diretamente afetado por sua dieta, de maneira positiva ou não. O mesmo acontece com o descanso, mais propriamente com o sono, já que ele tem função reparadora fundamental para as funções cognitivas.
Perceba que o exercício físico bem aplicado, com técnica e planejamento, só traz benefícios para sua saúde. Ser ativo, praticar musculação, corrida, caminhada ou qualquer outra modalidade tem um cunho muito mais orgânico do que estético. Se você treinar adequadamente, a questão estética passa a ser consequência disso tudo.
Seja para a melhora das capacidades funcionais no geral, seja para a melhora da capacidade cognitiva, a utilização dos exercícios físicos é fundamental e altamente positiva. Talvez seja este o estopim que faltava para você mudar de vida e começar a colher os benefícios da atividade física! Bons treinos!
Referências:MATOS, F. O. Cargas elevadas de treinamento afetam a função cognitiva de jogadores de futsal? Rev Bras Med Esporte – Vol. 20, No 5 – Set/Out, 2014.

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